sábado, julho 09, 2005

24 mil milhões de euros irão “secar”, ainda mais, a economia nacional (a crise está para ficar)

Investimento Público - Rentabilidade a muito longo prazo

Se o investimento público for subordinado a estudos prévios de rentabilidade social (e não subordinado, por exemplo, à eleição de alguém ou a interesses ainda mais “estranhos”) parte significativa desse investimento constitui, normalmente, investimento com rentabilidade a muito (ou muitíssimo) longo prazo.


Habitualmente, os investimentos de rentabilidade a médio e longo prazo são “tratados” pela sociedade civil, ou seja, não “caiem” na esfera da intervenção pública.


Em síntese, o retorno do investimento público (apesar de público, deve ter retorno!) só se obtém a uma distância temporal muito (ou muitíssimo) larga.

E é precisamente essa, uma das características desse tipo de investimento, e que justifica a necessidade de ele ser público.


Contudo as entidades privadas também se podem interessar por este tipo de investimento.

Nomeadamente porque, as entidades privadas, têm necessidade de compor “carteiras” em que investimentos de curto prazo, médio, longo e longuíssimo prazo se “equilibram” de molde a “formarem-se” carteiras com taxas de risco aceitáveis.

O investimento público constitui normalmente uma dessas componentes, a de longo e longuíssimo prazo; inclusive porque esse tipo de investimento assegura rentabilidade “certa” (habitualmente, operam em sistema de monopólio ou quase monopólio), embora a troco de taxas de lucro baixas.


Um parêntese: quando um investimento público assegura aos investidores privados taxas de lucro elevadas (por exemplo idênticas à de investimentos de curto e médio prazo), estamos perante uma associação público – privado que constitui, realmente, mais um “esquema de redistribuição” da riqueza nacional por parte do Estado a favor “dessas” entidades privadas, uma vez que, habitualmente, esses investimentos operam em condições monopolistas de mercado protegidas pelo Estado.


Em condições “normais” (e não de privilégio, como acima referimos), associar ao investimento público, investidores privados, é sem dúvida uma decisão correcta quer porque “pode” arrastar para o respectivo projecto competências externas ao sector público quer porque mobiliza capitais que evitam despesas públicas excessivas (e, eventualmente, mais divida pública ou impostos sobre os cidadãos).

Bem … e mais uma vez saliento: estamos a “falar” de uma participação privada “activa” e “positiva” e não de alguma forma de “subsídio dependência” promovida pelo Estado a favor de entidades privadas (por exemplo, como forma de redistribuição da riqueza nacional previamente recolhida através dos impostos ou a recolher posteriormente sob o poder do carácter monopolista da correspondente actividade)!


Concluindo (e a reter): o investimento público é, em geral, investimento de retorno a longo ou muito longo prazo e proporciona aos investidores privados, nele envolvidos, taxas de lucro muito baixas mas certas.