domingo, junho 19, 2005

PAISAGEM URBANA: o desprezo para com o povo português (parte II)

Como é possível passar pela cabeça de “alguém” permitir que uma urbanização nova (acabada de construir) de 500, 1000 ou mais fogos, ainda antes de grande parte dos apartamentos estarem todos vendidos, já não permitir que se consiga andar pelos passeios (porque cobertos de carros) ou só em fila indiana (tal a pequenez dos passeios); que as viaturas só possam circular num sentido; que não haja espaços públicos (praças e jardins); que as “torres” vomitem pessoas sobre estradas já congestionadas há vários anos, etc.

Quem autoriza isso, só pode desprezar quem vai para lá morar! Como isso se passa no País todo …

A zona da Expo, em Lisboa, parecia que iria ser diferente do que se faz, habitualmente, em Portugal. Parecia tão diferente que o Governo até criou projectos (“polis”) para algumas cidades do País seguirem esse “belo” exemplo.

Por favor, “voltem” de novo à Expo, vejam em que aquilo se transformou …!

Está aí o Portugal típico: uma paisagem urbana saturada, super densa, um trânsito impossível e, diariamente, cada vez mais desagradável para se viver, não fosse uma pequena zona ribeirinha aonde ainda é possível continuar a “respirar” (espero com isso não alertar “quem de direito” que ainda há aí mais uns metros quadrados por “construir”!).

Que cidades tenham, nas suas zonas antigas, os problemas acima descritos, não admira. Que se construam urbanizações novas (de centenas e milhares de fogos) já com esses problemas não devia passar pela cabeça de ninguém com o mínimo de bom senso e que tenha algum respeito para com os seus concidadãos e por este País.

Como é possível, em Portugal, que “todos” odeiem essa paisagem urbana (em contínua construção) e não seja possível pôr-lhe cobro?

Como é possível construir-se, todos os dias e perante os olhos de todos, a “destruição” do País (sabendo-se que a “construção” marca definitivamente o País e suas gentes durante várias gerações)?

Aonde, é que raio, foram os políticos portugueses descobrir este modelo de paisagem urbana?

Que sistema político existe neste País que não permite aos cidadãos por cobro a tal estado de coisas?