sexta-feira, junho 10, 2005

Lula da Silva – precisa de ajuda!


Lula da Silva meteu-se numa embrulhada, típica da pouca experiência “democrática” da cultura brasileira.

A longa experiência da associação entre Corporações e Ditadura, na governação do Brasil, fez “cultura” e está aí para durar- aliás, como por cá.

O que Lula da Silva fez, não é nada de mais: dar umas benesses aos opositores para votarem no que lhe interessa! Qual, de muitas das novas “democracias”, não faz isso?

O que Lula da Silva precisa de fazer é dar uma máscara à forma de actuação dessa “cultura” (que não é só brasileira); uma máscara “democrática”.

Por exemplo:

1- Introduzir o conceito de “direitos adquiridos”.

Todos vão adorar; os “seus” e os opositores, os funcionários públicos e sindicatos correspondentes.

As benesses que distribuir permanecerão até os seus beneficiários morrerem, mesmo que sejam contra o País e o povo tenha de mendigar para lhas pagarem!

É um conceito mais forte que o da “dívida”; esta pode ser renegociada e até adiada, enquanto que os “direitos adquiridos” só mudam com uma revolução.

2- Criar lugares “for the boys”; criar muitos Institutos Públicos e coisas do género e, claro está, assegurar que essa é a via para “melhorar” os serviços públicos.

Por exemplo as benesses que Lula da Silva quis distribuir aos seus apoiantes poderia tê-lo feito através da nomeação para um ou vários desses lugares; estaria tudo “democraticamente” dentro da Lei.

3- Introduzir o conceito de “reforma antecipada” para os lugares políticos e certos lugares “for the boys”; ou seja mesmo que tenham de deixar os lugares antes dos 60 anos, já levarão uma (ou mais) reforma (mesada) para casa independentemente da idade que tenham.

4- Formar o “centrão”; isto é, quer o Poder do Estado seja centro-esquerda ou centro-direita só, a posição dos respectivos “boys” à mesa do Orçamento do Estado, muda. No fundo, será como que a "dança das cadeiras".

Todos vão adorar e a oposição passará a ser mais magnânima nas críticas.

5- Enquadrar tudo “isso” como significando a vitória dos direitos “democráticos” e do Estado-Providencia; ou seja, como se esses direitos fossem a vitória da “democracia” no Brasil.

Finalmente, e porque estas “coisas” sempre provocam umas indignações, é importante gritar bem alto o direito dos brasileiros à Indignação; o “direito à indignação” não é o “direito à mudança”, é mais como que o direito de “o cão ladra e a caravana passa”.

Claro que só me atrevo a propor estas sugestões porque penso que o sistema político brasileiro não difere muito do nosso (o Português); é que essas sugestões (que são a nossa experiência deste lado do Atlântico) não se aplicam à democracia anglo-saxónica aonde se cometeu o erro de separar efectivamente os poderes legislativo, executivo e judicial - o que não nos daria jeito nenhum, não é?