quarta-feira, março 22, 2006

O “primarismo” tomou conta da esquerda

Na França, a esquerda promove a constatação ao projecto de lei da flexibilização do emprego até aos 26 anos.

Uma das características que marcam a diferença entre o pensamento humano e dos nossos primos mais próximos, os símios, é o nível de intencionalidade que o pensamento humano pode alcançar.

Estudos têm mostrado que esse nível de intencionalidade varia de pessoa para pessoa, mas em geral cerca de 95% dos seres humanos consegue chegar ao nível de intencionalidade cinco:

Pedro acredita [1] que Joana pensa [2] que Júlia quer [3] que Pedro suponha [4] que Joana pretende [5] que Júlia acredite [6] que a bola está debaixo da almofada.

Quando se pretende que o empregador seja obrigado a preservar o emprego a alguém com o objectivo de evitar o respectivo desemprego está-se a raciocinar com um nível de intencionalidade dois (raciocínio absolutamente primário).

É evidente que o empregador passará a restringir as suas admissões ao máximo pois sabe bem que os riscos do mercado nunca lhe garantirão uma capacidade de empregabilidade constante e não pode correr o risco de ter empregados excedentes.

Também não pode admitir quem não tenha já provas dadas; é um risco elevado admitir um jovem, por exemplo, acabado de sair dos estudos pois não tem garantias sobre o seu desempenho humano e profissional.

Mesmo em situações de pressão de mercado durante a qual lhe faria jeito aumentar o número de empregados não o poderá fazer porque isso implicaria uma responsabilidade que depois teria de suportar quando o mercado já não o justificasse.

E, finalmente, sempre que possível procurará resolver os problemas de emprego introduzindo mais máquinas em vez de empregados ou deslocalizando as suas actividades para locais de empregabilidade mais flexível, mesmo que tenha de pagar até salários mais elevados.

Chegando ao nível de intencionalidade três (os estudos mostram que os símios não chegam a esse nível de intencionalidade) facilmente se conclui que a preservação ou criação de empregos fica bloqueada ou diminui apesar de uma legislação cujo objectivo seria evitar o aumento do número de desempregados.

Também bastaria comparar com o que ocorre em países aonde não há esse tipo de legislação; mas nem isso fazem.

Mas podíamos ir mais longe na intencionalidade dos interventores. Admita-se …