terça-feira, março 14, 2006

O ERRO de Carvalho da Silva

Hoje, ouvi Carvalho da Silva na TSF; ele dizia (as palavras são minhas) que não concordava que se criticasse o Estado por já receber muitos impostos, tendo em atenção os elevados lucros da Banca e que estes não podem, por si, ser considerados um “bem nacional” pois constituem património privado.

De facto é um raciocínio bem dentro da lógica comunista; a riqueza da Nação não é a riqueza dos cidadãos, é a riqueza do Estado – o que interessa não são cidadãos ricos mas, sim, o Estado rico.

Na verdade, a URSS e os países comunistas do leste europeu não lhe serviram de exemplo para nada; aí o Estado era quem mais mandava (não era só o mais rico, ele detinha toda a riqueza nacional, inclusive detinha a mão de obra de todos os “súbditos”, a titulo quase gratuito) e o resultado está à vista de todos.

O Estado Português tem-se “fartado” de mostrar contínua incompetência na gestão dos recursos do País, mas Carvalho da Silva ainda quer que os cidadãos portugueses lhe entreguem mais dinheiro!

Carvalho da Silva ainda não entendeu que, como na URSS e nos países do leste europeu e, também, como em todos os países centralizados em Estados fortes e com escassa cidadania, entregar mais dinheiro ao Estado é depredar, de forma crescente, a riqueza nacional.

Com raras excepções, o excesso de intervencionismo estatal e o bloqueio da cidadania só resultam em depredação da riqueza nacional, proteccionismo às elites políticas e económicas, aumento da desigualdade social e empobrecimento global da Nação.

Eu não creio, sinceramente, que Carvalho da Silva defenda isso para Portugal; mas a sua “solução” conduziria a uma situação bem pior da que já existe hoje.

Claro que Carvalho da Silva tem razão quando diz que os lucros da Banca saíram do bolso dos cidadãos portugueses; é verdade – e, é verdade, porque alguém (os cidadãos) andou a pagar mais impostos para que a Banca pagasse menos impostos.

O que está incorrecto em Portugal e na política do Estado Português é que não existe igualdade perante a Lei e não existe mercado; assim o quanto foi bom para a Banca (e para os investimentos estrangeiros) pagar menos impostos teria sido igualmente bom para os restantes sectores económicos do País e para os cidadãos portugueses.

Carvalho da Silva tem razão quando diz que uns andam a viver à custa dos outros; mas quem proporciona isso? – É o Estado; sempre o foi, aqui em Portugal, e em todo o lado.

Por isso, o povo inglês, no século XVI, retirou ao Rei a capacidade de lançar impostos e instaurou a democracia; a mais antiga do planeta.

Nos países anglo-saxónicos, e aonde o Estado é controlado a sério pelos respectivos cidadãos (o que não se passa em Portugal), não se pode mexer nos impostos de “ânimo leve”; e, não se pode, porque impostos são o “suor” de quem trabalha.

Portugal estaria muitíssimo melhor hoje se o dinheiro ficasse muitíssimo mais com quem o produz (finalmente, seria possível enriquecer, em Portugal, através do trabalho) e se uns tantos não vivessem à custa do trabalho dos outros (o que acontece sempre através do Estado; através dos privilégios que cria para proteger uns – os beneficiários líquidos - em detrimento de outros – os contribuintes líquidos).

Por exemplo, a arquitectura urbana existente em Portugal não é o resultado dos mestres-de-obras (dos “patos bravos”), como muitos dizem; quem aprovou e impôs essa arquitectura foi o Estado, foram os autarcas – esses, sim, são os culpados (os corruptores activos) e não os “patos bravos” que, para poderem trabalhar, foram “obrigados” a pagar aos autarcas e a fazer as monstruosidades urbanas que financiaram aqueles pagamentos.

Não se trata pois de dar mais dinheiro ao Estado como sugere Carvalho da Silva; é precisamente ao contrário. É preciso deixar a riqueza com quem a cria para que a possa reaplicar e criar mais riqueza e mais emprego e é preciso acabar imediatamente com quem vive à custa da exploração que o Estado faz dos cidadãos, nomeadamente dos que vivem abrigados na discriminação política e económica que o Estado lhes oferece.