segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Insuficientes medidas de correcção do défice

A Comissão Europeia acaba de manifestar ao Governo Português que é insuficiente as medidas de correcção do défice público.

Mas com poderiam elas ser suficientes?

Com o aumento, desabrido, dos impostos ainda se retirou mais riqueza a quem teria capacidade de melhor decisão sobre a sua utilização, para a entregar a um entidade (o Estado Português) que só a tem sabido aplicar em investimentos não rentáveis, inúteis ou mesmo virtuais (financiamento de actividades só para sustentar emprego fictício); ou seja, o dinheiro foi retirado de quem o podia aplicar bem para ser entregue a quem o vai aplicar mal.

Como se isso não bastasse, o Estado Português, decidiu aumentar o investimento público; o tal, que se tem caracterizado (pelo menos, nos últimos 10 anos) por uma gritante falta de rentabilidade social – se o dinheiro fosse deles (de quem decide no Estado), nunca o aplicariam da forma como o fazem.

E depois, esperam que o investimento estrangeiro venha resolver os problemas do País; aqueles problemas, que eles não só, não sabem resolver, como os agravam, a cada medida que tomam.

Só por sorte e casuisticamente o investimento estrangeiro retornará a Portugal.

O País tem uma produtividade baixíssima (pudera, com o uso dado pelo Estado a, pelo menos, 60% da riqueza nacional), investiu-se numa educação com o fim de transformar analfabetos em iletrados e desinvestiu-se, activamente, a educação técnicoprofissional (hoje, dificilmente se encontra um pedreiro, um electricista ou um canalizador com o mínimo de competência), esmagou-se a capacidade de exercício da cidadania dos cidadãos portugueses através de taxas de impostos absurdamente elevadas e através de uma ultra regulamentação que a todos bloqueia (ou corrompe), etc.

E, evidentemente, sem capacidade de exercício da cidadania não pode haver inovação; se tal fosse possível, a ex-URSS teria sido o Pais mais inovador do mundo.

O único investimento estrangeiro que, um tal sistema político, consegue atrair é aquele que precisa de ser subsidiado (ou protegido) pelo Estado Português; ou seja, tal investimento estrangeiro não é, por si só, já competitivo e, muitas vezes, ainda vem com o propósito de se aboletar com a riqueza tirada pelo Estado aos cidadãos portugueses (isenção de impostos, subsídios, mercado protegido, etc.).

Em fim, com a globalização e com o sistema anglo-saxónico a dominar as relações económicas internacionais, enquanto não se apostar num amplo exercício da cidadania em Portugal, ou seja, enquanto o Estado Português continuar a desprezar a competência dos cidadãos portugueses e a sua capacidade de realizar (e continuar a apostar na sua capacidade – do Estado - de “bem governar”, como o fazem todas as ditaduras) não conseguiremos sair da Crise.