sexta-feira, novembro 04, 2005

Estamos bem acompanhados!

Em “Ilusões”, M. Fátima Bonifácio, no Público de 2 de Novembro faz uma longa reflexão sobre o actual estado do “modelo social europeu”, da qual retiro a seguinte:

Três meses depois de chegar a primeiro-ministro, Dominique Villepin lançou a batalha pelo “crescimento social”, destinada a entusiasmar os franceses e a animar uma economia com fracos sinais de dinamismo.

Villipin descobriu que muitos dos seus compatriotas preferiam ficar em casa a gozar do subsídio de desemprego ou do rendimento social de inserção, e resolveu estimulá-los a trabalhar.

Desencantou então o PPE: um Prémio Para o Emprego, no valor de 1000 euros oferecidos a todos os desempregados de longa duração que se dignem voltar a trabalhar; além do PPE, receberão uma verba mensal de 150 euros.

O Estado paga para que as pessoas façam o favor de trabalhar e receber o salário. Os sindicatos nem por isso se mostram gratos e satisfeitos.

Como diz M. Fátima Bonifácio “a ilusão da incondicional viabilidade da social-democracia, nos moldes em que a conhecemos até hoje, não é exclusiva de Portugal. Ela impera nos países que mais se orgulham do “modelo social europeu”.

A “democracia” no Continente Europeu é, de facto, muito nova. Ainda não há muito mais de 60 anos que grande parte dos países do continente europeu eram governados por regimes fascistas, muito próximos do fascismo ou “aliados” desses regimes fascistas – o anti - fascismo é muito mais um fenómeno do pós –guerra do que de antes dela (guerra, aliás conduzida por países de longa tradição democrática: a Grã-Bretanha e os EUA).

Por uma “mistura” resultante da ideologia autocrático, que sempre dominou a concepção de Estado na Europa Continental, com os “ideais” comunistas e, até, os da doutrina social de Igreja, nasceu uma ideologia denominada “de esquerda” ou “social” que conduziu a Europa, nomeadamente, para a situação em que está: é preciso pagar aos desempregados para procurarem “trabalho” e pagar-lhes para que mantenham o “trabalho”.

Parece que pouco faltaria para se chegar ao objectivo comunista: “de cada um” conforme as suas capacidades e “a cada um” conforme as suas necessidades. Bem … seria bom que assim pudesse ser!

Ou seja, parece que a juventude (porque recente) “democrática” da Europa ainda não proporcionou aos europeus o entendimento do que é democracia; daí o tipo de concepção existente na Europa do tipo de papel que o Estado deve assumir e assume e o tipo de conceito de cidadania aí existente – de um e outro resultam o caricato exemplo francês.

Daria para rir … se as consequências, para todos nós, não fossem já tão desastrosas e se não se esperasse que piorassem ainda mais – a Europa corre um sério risco de autodestruição, por efeito das más decisões que tem tomado.